BOMBARDEIO AÉREO-CAMPINAS (PARTE I)

Domingo, 18 de Setembro de 1932.

   A agradável manhã de domingo, 18 de Setembro, com o clima ameno do final de inverno e início da primavera, tornou-se em poucas horas em um verdadeiro caos. Muitas pessoas estavam indo e vindo no centro da cidade; muitas famílias iam à casa de parentes, ou faziam suas compras. Já era por volta de 11h30, quando um curioso e amedrontador barulho vindo dos céus, chamou a atenção da população Campineira.
   Em poucos segundos, dezenas de pessoas assustadas correram, alguns sem saber direito para onde ou até mesmo porque. Assim foi, com um pequeno garoto, que calçava seus seus sapatos no hall da Estação Ferroviária de Campinas. Como a grande maioria das pessoas, esse garoto também correu para fora da Estação, curioso para ver a grande máquina voadora, ainda novidade em 1932. Seu nome era Aldo Chioratto, filho de Ada  Chioratto  e João  Chioratto, residiam à rua Dr. Campos Salles, Nº 450. A  . família iria à casa de seu tio Bruno Nepote, que era garçom no Eden Bar. Sua mãe, Ada  Chioratto , ainda tentou segurá-lo, mas infelizmente, Aldo, de 9 anos de idade já havia desaparecido, em meio à toda aquela confusão.
   Repentinamente ouve-se uma explosão. Outra. E outra.
   Correria, gritaria, caos.
   Segundos depois do impacto, as pessoas, ainda se recompondo do susto, avistam feridos no chão. Entre eles, um garoto, caído, sangrando, morto. Era Aldo  Chioratto , ferido mortalmente por estilhaços na região do estômago.Após o ataque, o corpo do jovem Aldo foi levado ao "Mercadinho da Estação".

Aldo Chioratto

   Além de Aldo, entre os 27 feridos, estavam dois imigrantes italianos, um deles era o "velho" Vicente Nome  e um libanês. Também ficaram feridos por estilhaços de granadas mais as seguintes pessoas: João Venturini, José de Oliveira, José Said, que foram internados no Hospital do Circolo Italiani Uniti; Alfredo de Freitas, que foi internado no Hospital da Beneficência Portuguesa; Attilio Alves de Britto, Attilio Neves Júnior e outro garoto, João Polli, internados no Hospital da Santa Casa; João Gomes, que após medicado pela Assistência Pública recolheu-se à sua residência. Outro ferido, mas sem muita gravidade, foi o funcionário da Mogyana, Isolino Monteiro. Passageiros de um bonde que na hora trafegava pelo local, receberam também alguns ferimentos. A primeira bomba, havia caído no teto de zinco da Estação Ferroviária de Campinas, furando o telhado e explodindo em uma das vigas de ferro que suportavam o telhado, diminuindo seu impacto e causando apenas problemas materiais. A segunda, que caiu exatamente em frente à Estação, entre o ponto de automóveis, o posto de telégrafo e a sessão de despacho, foi a causadora da morte do jovem Aldo, e dos ferimentos dos outros. Outra bomba atingiu as proximidades da Companhia Mac Hardy, derrubando um pilar do edifício e a última no prédio Nº164, da rua Visconde do Rio Branco, residência de Athayde dos Santos, que ficou ferido levemente na cabeça.
   À tarde, retornou a Campinas o avião da ditadura, mas desta vez acompanhado de outro "vermelhinho".
Na Estação da Companhia Paulista e imediações, duas das bombas atingiram o prédio Nº1200, da rua Salles de Oliveira, na Vila Industrial, residência da viúva Maria Ferreira. Uma das bombas atingiu o jardim da frente, nada acontecendo.
   A segunda, caiu numa varanda, atingindo Maria Ferreira e suas filhas Delmira, Albertina, Amelia e Anezia e uma de suas netinhas, Maria de Lourdes, filha de Belmiro Reis e de Maria Reis.
   Nas proximidades da Estação, foi ferido gravemente, por um estilhaço, Donato Mamone.

 Por 10 dias consecutivos, Campinas sofreu bombardeios aéreos. Os motivos, detalhes, mapas e fotografias, serão mostrados em breve, neste blog.

(Continua...)

FONTES: 
Folha da Noite (São Paulo)
Folha da Manhã (São Paulo)
Correio Popular (Campinas)
O Estado de São Paulo (São Paulo)

PARTICIPE! COMENTE! DIVULGUE!

Eric Apolinário
Pesquisador
(19) 98102-7351

Comentários

  1. Na minha infância meu Pai ex-combatente de 1932 - Alexandre Anselmi, comentava a covardia de
    GETULIO VARGAS, em bombardear São Paulo na Mooca, Campinas sendo vitimas sempre a população civil, como , donas de casa, escolas, hospitais enfim quem menos tinha condição de defesa. Nas Escolas era assunto proibido qualquer comentário a respeito destes fatos pelos professores e só agora estes fatos vem ser lembrados apos tantos anos, Agora a juventude atual pode avaliar o caráter do SR GETULIO VARGAS, politico de quem era simpatizante de Hitler e compactuava com crueldade humana, isto são fatos históricos que não devem ser esquecidos.

    ResponderExcluir

Postar um comentário