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Eric Apolinário
Pesquisador
(19) 98102-7351
Neste sábado, apresento-lhes uma das dezenas de cartas encontradas em jornais de todo o Estado durante nosso trabalho de pesquisa. Neste primeiro caso, a carta foi escrita nas trincheiras de Eleutério, pelo repórter e diretor do jornal "A Notícia" de Rio Preto, publicada na edição de 23 de Agosto de 1932 pelo jornal "Cidade de Itapira".
Espero que gostem deste material praticamente inédito, pois a 80 anos não era apresentado ao grande público! É uma honra e uma satisfação poder agora, no ano em que comemoramos o Jubileu de Carvalho desta incrível Revolução, divulgar estes relatos memoráveis sobre aqueles tempos.
(Imagem meramente ilustrativa)
"Trincheiras de Eleutério, 23 de Agosto
de 1932.
São 8h00 da manhã e escrevo na trincheira do tenente Bandeira, que
comanda um pujilo de rapazes denodados e valorosos do 3º Batalhão 9 de Julho,
onde passei a noite.
É cedo, é verdade, mas já tenho o que dizer, pois, mal havíamos tomado o
café no "apartamento" do Euclides de Mélo, mais conhecido pelo vulgo
de "Zé Macaco", um pandengo de Lins, que procura viver com o maior
conforto aqui na trincheirinha, os ditatoriais, que estão a dois passos de
nós, receberam a visita de um avião constitucionalista; e eu, que desejo andar
absolutamente em dia com as minhas obrigações de correspondente de guerra,
quero apressar-me a relatar o modo "festivo" porque foi recebido.
Eram, 7h30 da manhã, quando avistamos o aparelho, que logo reconhecemos
ser dos nossos. Passou pelas trincheiras que ocupamos, e foi pairar, ali
pertinho, sobre as posições inimigas.
E a "recepção" começou. Primeiro, várias salvas de fusilaria
com bolinhas "dun-dun"; depois as "costureirinhas", naturalmente
de bico para o ar, deram início a um bombardeio tão intenso como inútil, pois o
avião, longe de intimidar-se, deixou cair duas bombas, cujos formidáveis
estrondos nos fizeram agachar, automaticamente: é que como não estávamos
"prevenidos", pensamos que os "vizinhos" estavam novamente
"acolhendo" o nosso aparelho até com salvas de canhão...
Depois da explosão das bombas, então é
que o tiroteio redobrou de intensidade: como se todo o setor inimigo, que avistamos
das nossas trincheiras, fosse uma só metralhadora de largas e colossais
proporções.
E, por cima, o avião a gozar o seu
"trabalho" que deve ter produzido, os mais desastrados efeitos no
acampamento inimigo.
Faz cinco minutos que o avião desapareceu da nossa bista, de regresso da
sua missão, de que se desempenhou brilhantemente.
Mas, como é bem de ver, os "vizinhos" ficaram desesperados com
a "visita" inesperada e displicente do aeroplano; e então, dando
largas à ira de que se viram possuídos, metralharam-nos com um notável
desamor... Mas não adiantou; é que as nossas trincheiras são verdadeiras
fortalezas; de mais, é só a "Nossa Senhora Aparecida" começar a
"falar" para emudecer aquela gente. "Nossa Senhora
Aparecida" é como foi batizada a metralhadora de que o Dr. Luiz Américo
foi a dias o padrinho...
P.S. Antes de fechar o envelope que deveria levar esta notas, tive
ocasião de colher mais algumas informações sobre a "visita" do nosso
avião, esta manhã, ás posições inimigas. Assim, fiquei sabendo ser ele pilotado
pelo Tenente João Baumgartner, do Corpo de Aviação da nossa Força Pública, que
tinha como observador o aspirante Hugo Borghi. O Tenente Baumgartner, cuja
fotografia obtive, é o mesmo aviador que, no dia 11 de Julho último, voou, lançando
exemplares do "Estado de São Paulo" e vários milhares de folhetos.
Ouvi, sobre o bombardeio desta manhã, o
aludido piloto, que me afirmou que os estragos produzidos pelas suas bombas
devem ter sido grandes, pois que um trem visado pelo seu observador foi quase
totalmente destruído. E acha o Tenente Baumgartner que nesse trem se
encontrava, diante do reboliço que notou, a intendência ou o depósito de
munições dos ditatoriais em operações neste setor, que teve, assim, hoje, um
amanhecer movimentado."
Leonardo Gomes
Enviado especial dos "Diários Associados" e diretor do "A Notícia", da cidade de Rio Preto.
Eric Apolinário
Pesquisador
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