Continuando os trabalhos, a 1932|Frente Leste mantém contato com diversos pesquisadores por todo o Brasil. Hoje, trazemos com exclusividade um artigo escrito pelo Historiador Adailton Andrade, em parceria com Eric Apolinário, sobre a participação dos soldados sergipanos na luta contra os paulistas no setor de Itapira. Através de conversas e pesquisas entre os dois, foi possível obter importantes informações sobre o 28º Batalhão de Caçadores e outras tropas do estado de Sergipe. Além de informações e contatos com familiares de ex-combatentes sergipanos, fotografias e textos referentes a esses batalhões. Em breve, postaremos mais informações conseguidas através desta parceria.
O artigo foi publicado no último mês de Julho, próximo à data comemorativa de "9 de Julho" nos jornais "Cinform", "O Povão" e "Gazeta New", todos da cidade de Aracajú, capital de Sergipe. Vale lembrar que este artigo ainda está em construção, o texto que se segue, foi o publicado nos jornais acima.
SERGIPANOS
DO "FRONT" PAULISTA DE 1932
Revolução
Constitucionalista de 1932
Adailton
Andrade/Eric Apolinário
Um
dizia: “Sergipe”; o outro respondia: “37”. Na Rua Sergipe, número 37, bairro de
Higienópolis, ficava a casa em que os conspiradores montaram seu
quartel-general, naquele nervoso sábado, dia 9 de julho de 1932. O endereço foi
transformado em senha e contrassenha para as comunicações entre eles.
Mensageiros entravam e saíam do local. A ordem era assegurar o controle das
forças militares e policiais em São Paulo, bem como dos Correios, da telefônica
e de outros serviços. São Paulo, por suas principais lideranças políticas,
aliadas a militares dissidentes, declarava-se em insurreição armada contra o
regime de Getúlio Vargas, instalado um ano e nove meses antes. Tinha início o
episódio conhecido como “Revolução Constitucionalista”.
A
gota d'água foi o assassinato de quatro estudantes paulistas por partidários de
Getúlio. O episódio entrou para história como M.M.D.C., as iniciais dos nomes
dos jovens mortos: Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo. A data do crime, 23 de
maio de 1932, marcou o início de uma série de protestos. No dia 9 de julho, as
manifestações incorporaram uma nova causa: a redemocratização através da
elaboração de uma nova Constituição. Iniciava-se a Revolução Constitucionalista
de 1932,
Na Revolução Constitucionalista de 1932 – No
comando do Tenente Coronel Theodoreto Camargo Nascimento, a Polícia Militar de
Sergipe participou do conflito enviando
para o teatro de operações em São Paulo 592 policiais militares, entre oficiais
e praças. Nos combates foram mortos, entre outros, os Sargentos José Alves
Feitosa e Pedro José dos Santos, ambos promovidos “post-mortem” ao posto de 2º
Tenente.
Nos
dias que se seguiram, a grande maioria dos Estados da Federação, enviaram
batalhões da Força Pública, Exército e alguns Batalhões Provisórios
(constituídos totalmente por voluntários), como Sergipe, Alagoas, Ceará, Rio
Grande do Norte, Paraíba, Bahia, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Espírito
Santo, Maranhão e Pernambuco.
No dia 13 de julho de 1932 , aniversario da revolta
tenentista sergipana que levou no nome desta data, partira para o fronte em São
Paulo seguindo a bordo do navio “Itapura,”
o 28º Batalhão de Caçadores comandado
pelo tenente-coronel Chaves, e tendo
como sub comandante o major Alfredo
Bamberg, levando mais os seguintes
oficiais, tenente Humberto
Barroso, Dr. Eronildes de Carvalho ,
medico , Reginaldo Meireles , Manuel Antônio
da Silva, Constituindo esses o Estado Maior
da unidade.
Assim segue de Aracaju duas companhias, a primeira
comandada pelo Capitão João Soarino de Melo,
e a segunda pelo tenente João Tavares que depois da revolução foi
promovido a general e na reserva trabalha como engenheiro. Também nesse
período foi mais uma outra companhia de metralhadora comandada pelo capitão Jeronimo Leite Bandeira de Melo, com estes, seguiram outros oficiais a pedido do interventor Augusto Maynard Gomes.
São eles os tenentes Milton Azevedo,
Odilon Siqueira , Fausto Marsilac,
Rivaldo Brito, Faustino Ferreira Lima, Gervásio Dantas, Manuel José das
Chagas, Francisco Mesquita da Silva, Waldemar
Cabral de Vasconcelos e Agenor Santana.
Outro contingente partiu dia 20 de julho com a
movimentação da “Força Publica de Sergipe”, a atual policia militar que seguiu para
as trincheiras de guerra. Esse contingente que foi comandado pelo tenente
coronel Teodoreto Nascimento assim constituindo o estado maior com seus
oficiais capitão Benjamim Alves de Carvalho, tenente Edilberto Menezes, tenente
Agnaldo Celestino e o tenente José Vieira de Matos. Também segue em duas
companhias a força publica sergipana. A primeira comandada pelo capital Ulisses
Andrade e a segunda pelo capitão Joao José dos Anjos. Outros foram voluntários
como os oficiais Stanley da Silveira, Oscar Pinto, Alcebides Benevenuto,
Hermeto Feitosa, Afonso Mota e Alderico Sabino.
Toda essa movimentação teve um contingente de 620
homens, sendo 283 do 28º Batalhão de Caçadores, 337 da Força Publica de Sergipe
(policia militar).
Nesse período o próprio interventor Augusto Maynard
Gomes comandou toda a logística bélica sendo assim solidário ao Presidente
Vargas procurando reforçar mais ainda a representação de Sergipe no "front" paulista
mandando no dia 27 de julho mais uma leva de voluntários civis a cidade de
Itapira, desembarcando antes no Rio de Janeiro e logo em seguida a cidade
paulista.
Nesse período toda preocupação e ocupação do interventor
Augusto Maynard era recrutar e adestrar
mais voluntários para o envio ao sudeste do país. Nesse mesmo tempo chegava a
capital sergipana noticias dos combates e anunciando a morte do sargento José
Alves Feitosa. Jornais noticiavam outros
sergipanos feridos em zona de guerra.
Itapira foi conquistada após varias horas de
combate presumivelmente da policia paraibana e da força púbica de Sergipe, como
também do regimento de gaúcho provisórios.
Com os reforços vindo da Bahia, Sergipe e Paraíba as
tropas paulistas estavam totalmente
desorientadas. Encontraram-se no local conhecido como “Morro do Gravi”, já na
divisa entre as cidades de Itapira e Mogi Mirim. Lá, entre os dias 2 e 4 de
Setembro, cerca de 10 mil homens, que formaram o exército federal, avançaram
terrivelmente sobre os cansados e abatidos soldados paulistas. Em um combate
que durou cerca de 48 horas, centenas foram mortos, em ambos os lados. Após a
resistência fracassada, o exército paulista concentrou-se nas proximidades de
Campinas-SP, deixando Mogi Mirim nas mãos do Exército federal.
Nesse momento é pedido mais ajuda ao interventor de
Sergipe para mandar mais homens aos
combates. E em resposta o interventor informa em telegrama que “tenho a satisfação de comunicar ao estimado ministro que a bordo
do navio Paquetá Itabera acaba de embarcar com destino ao Rio de Janeiro e
depois São Paulo novo contingente sergipano para reforçar as fileiras do
exercito composto de 140 bravos voluntários a serviço da pátria”.
Ao fim dos combates as tropas sergipanas aos poucos
estão retornando ao estado trazendo um certo orgulho por
lutaram pela legalidade e a ordem
do país.
No dia 27 de outubro, com a chegada do navio “Itassuncé”, desembarcavam as tropas sergipanas
que retornavam do front recebidas pela população aracajuana que com grande
entusiasmo saudava seus bravos soldados. No dia 31 de novembro chegava mais um
navio de nome Itapura trazendo os soldados do 28º Batalhão de Caçadores que
combateram na cidade de Itapira- SP. Os militares receberam dos sergipanos saudações
de boas vindas e ao mesmo tempo os que tombaram em combate foram homenageados: capitão
Jerônimo leite Bandeira de Melo
e o sargento Duque Teles.
Sergipe mais uma vez se faz presente nos grandes
acontecimentos que marcaram a história do Brasil. O general Daltro Filho,
comandante de um dos destacamentos de Vargas, telegrafava elogiando as tropas
sergipanas, informando da bravura e desempenho dos soldados de Sergipe.
Quem é Adailton Andrade:
Licenciado em História, pós-graduado em Ensino Superior em História,
pós-graduado em Sergipe Sociedade e Cultura, Membro do IHGSE (Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe). Associado a ANPUH/SE (Associação Nacional de História)
. Membro na qualidade de pesquisador dos Grupos de Estudo e Pesquisa da
UFS: Grupo de Estudos e Pesquisas em Memória e Patrimônio Sergipano.
(GEMPS/UFS/CNPq) e o Grupo de Estudos e Pesquisas Culturas, Identidades e
Religiosidades (GPCIR/UFS/CNPq) Professor da rede particular e Pública
de ensino.
Eric Apolinário
Pesquisador - |1932|Frente Leste|
e-mail: trincheira1932@gmail.com
whatsapp: (19) 98102-7351
Muito bom.
ResponderExcluirExcelente trabalho, parabenizo os autores!
ResponderExcluirAdailton,Eu gostei tudo uma Historia de Meu bisavo Augusto Maynard que Parabens sua vida lutar seu trabalho forca toda a historia Boa Sorte!!! bjs e abraço Liana Maynard
ResponderExcluirO tenente Agnaldo Celestino era um bravo sergipano nascido em Propriá, era tio de Maria da Glória Celestino minha mãe, curiosidade quando lampião e sua tropa passavam nos arredores de Propriá deixavam mensagens para intimidá-lo porém nunca o esperou para enfrentá-lo. Quero dar parabéns ao ilustre historiador. Antônio Júnior (79) 9895-5882
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