Na
galeria dos nomes do voluntariado itapirense que honram as páginas inesquecíveis
de 1932, Mario Cintra figura em lugar de destaque.
Bon vivant, nos dizeres de
sua filha, a saudosa Amonclayr Moraes Cintra, o viúvo Mario ao estalar o
levante de 9 de Julho de 1932, com a compulsória formação de batalhões de
voluntários, alistou-se na 1ª Companhia de um batalhão constituído em Amparo pelo padre Luiz de
Abreu e que recebeu o nome de 23 de Maio. Nele, Mario atuou com seus
companheiros de farda no setor da Baixa Mogiana, especialmente em Itapira, nas montanhas
de Eleutério e, mais tarde, na defesa de Campinas.
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O jovem Mário Cintra no tiro de guerra de Itapira |
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O tenente Mario Cintra trazendo as divisas de sua bravura |
Tomando por base o depoimento de
Amonclayr Moraes Cintra, sabemos que seu pai era figura muito chegada ao
ilustre Coronel Francisco Vieira e, sendo seu braço direito, foi por ele
acolhido no esquadrão de cavalaria constituído pelo nobre cabo de guerra de
Itapira que serviu fielmente à Causa Paulista em missões arriscadas de patrulha
e reconhecimento, avançando em território inimigo para colher informações
acerca da movimentação e das posições das tropas federais que avançavam via
Jacutinga, Minas Gerais. Mario, aproveitando um breve descanso concedido aos
combatentes do Batalhão 23 de Maio, solicitara ao coronel Chico Vieira o
ingresso nas hostes do notável esquadrão conforme noticiava em 14 de setembro
de 1932 o periódico campineiro Diário do Povo nos seguintes termos:
“A unidade do homem de aço (apelido
dado ao coronel Francisco Vieira), apenas organizado, já constituiu um alvo de
confiança nos arredores de seu setor. Senão
atente-se ao fato do engajamento voluntário do tenente Mario Cintra e
soldado José Sarkis, pertencentes ao batalhão “23 de Maio”, que o procuraram
quando este batalhão encontrava-se em repouso”.
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À frente de uma patrulha nas montanhas de Eleutério, Mario Cintra recebe das mãos do coronel Francisco Vieira o que supomos ser um salvo conduto |
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Da esquerda para a direita: soldado não identificado, Chico Vieira, Mario Cintra, soldado não identificado e Padre Lázaro Sampaio de Mattos |
Por sua audácia à frente do esquadrão foi caçado, após o final do conflito, por tropas federais conforme os relatos de sua filha. A casa de Mario em Itapira chegou a ser revistada por um destacamento de soldados baianos que a vigiaram durante vários dias na esperança de capturá-lo, sem, contudo, conseguir seu intento. Com a ajuda de Chico Vieira, o tenente escapara para São Paulo onde permaneceria por longos meses até sentir-se seguro para retornar ao lar que, em 1950, iria se despedir desse bravo combatente, morto aos 50 anos de idade.
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